terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A percepção da corrupção pelos portugueses

   Neste campo, para esta investigação, teve-se por base os inquéritos que já existiam. Descodificar o que pensam verdadeiramente os cidadãos quando se pronunciam sobre casos concretos de corrupção, pode-se dizer, é quase um tiro no escuro. De facto, quando se trata da opinião do público em geral, a percepção que estes têm sobre os comportamentos de corrupção variam e estão em constante redefinição. Aceita-se que para estes, as acções que violam aquilo que consideram ser aceitável para uma dada função ou cargo são corrupção. No entanto, esta definição não é uniforme para todos e sim subjectiva uma vez que o que é considerado um acto desviante para uns, não o é para outros. Os julgamentos que cada individuo faz quando se pronuncia a cerca da corrupção variam consoante a formação de cada um, os factores geográficos e sociais, entre outros. Não obstante uma sociedade tem uma opinião generalizada sobre o tema.
  
 A sociedade civil portuguesa demonstra uma falta de interesse e falta de confiança no sistema democrático, o     que conduz ao declínio da relação dos cidadãos com a política. Os Serviços Públicos (Centrais ou Locais), bem como os Partidos Políticos, o Parlamento e o Governo, são merecedores de muito pouca confiança. A relação entre os cidadãos e as instituições governativas são o cerne da Democracia uma vez que o poder de tomar as decisões políticas é, em primeira instância, do povo, quando exerce o poder de eleição de representantes, que tomam decisões em nome de quem os elegeu.
   
Um sistema de governação para uma sociedade baseada neste sistema, não chega a ser justa a não ser que exista uma cultura onde o cidadão tem uma atitude constante pela regulação do próprio sistema, tal que exista de facto sentimento de comunidade. É de esperar do sistema a transparência, a responsabilidade e honestidade perante os cidadãos por parte dos Governantes.
   
Através do estudo dos resultados do “Corrupção e Ética em Democracia: o caso de Portugal” o indicador social de corrupção pretende depreender a percepção dos cidadãos portugueses sobre o este fenómeno. As 3 dimensões são:

  • Legalidade
   Os portugueses tendem a condenar consoante a prática é legal ou ilegal. Os resultados levam a concluir que há tolerância quanto à corrupção do tipo “cunhas”, influências políticas e “jantares de campanha”, ou seja, actos de corrupção não definidos por lei; no entanto, quando se trata de um acto ilícito como subornos ou extorsões estes condenam severamente.

  • Justiça/Nobreza
   De facto, a filosofia “Robin dos Bosques” que justifica uma prática imprópria por uma causa justa, é socialmente aceite pelos cidadãos portugueses. As pessoas tendem a fazer o julgamento sobre os motivos de quem é corrupto e a contextualizar, alegando o interesse público. O problema é que o que é nobre e benéfico para uns, ao mesmo tempo, não é para os outros. Junto destes aumentam os sentimentos de injustiça e de insatisfação para com o sistema democrático, fazendo diminuir o sentimento de pertença a comunidade.

  • Norma Social
   Neste campo, depreende-se que os cidadãos portugueses acabam por se subvalorizar na tentativa de evitar a corrupção dado a “normalidade das coisas”. É uma práticageneralizada, muitas vezes os indivíduos toleram actos que, erradamente, julgam serem amplamente praticados e aceites na sociedade geral e tendem a minorar o real problema.

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